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Os filhos e enteados Os filhos pródigos E o homem do lemo*

O Bloco de Esquerda está indignado com a pobreza manifestada pelo lemo. Não têm dinheiro para responder aos requerimentos em que solicitamos, de seis em seis meses, a composição dos órgãos sociais. Também não querem dizer quais são os ordenados, as ajudas de custo, as despesas de representação e as senhas de presença recebidas pelos administradores. 

 

Mas vamos à vida. 

Falemos, em primeiro lugar dos filhos e enteados. O homem do lemo começou a oferecer lugares e cargos ao melhor estilo do despotismo desenfreado. À boa maneira de um mãos largas coloca a filha, coloca os enteados, coloca os amigos da filha, coloca os amigos dos enteados, coloca os amigos políticos, coloca toda a gente que o espaço físico da empresa permite. Chegou a encomendar um projeto de alterações ao edifício para a sua ampliação.

 

Em termos de despesas o homem do lemo também é um mãos largas. Fez um contrato de comunicações no valor mensal de 2500 euros. 

Comprou máquinas de sondagens sem saber se vão surgir trabalhos que amortizem o seu custo a médio prazo. Uma dessas máquinas só trabalhou duas vezes. Na última vez que foi utilizada esteve no Convento de Santa Clara, em Coimbra, durante duas semanas. Dois operadores tiveram o privilégio de gozar uma semana de férias, semana essa de luxo com todas as despesas pagas e muito turismo. O trabalho, propriamente dito, foi executado e concluído por outra empresa. Adquiriu uma viatura por 27 mil euros para rebocar uma máquina, não estando essa viatura homologada para o efeito. Alguns funcionários levam as viaturas ao fim do dia e utilizam-nas para fins pessoais ao fim de semana.

 

É evidente que o descalabro financeiro sucedeu como consequência da péssima gestão. O IVA não é pago na altura devida. A empresa já foi indiciada por crime fiscal e recebe, frequentemente, notificações da Autoridade Tributária para pagamento de coimas e multas. O cobrador coercivo vem reclamar o valor do leasing auto, em atraso há vários meses, ameaçando que se a liquidação dos valores em dívida não for cumprida até às 15 horas de determinado dia, as viaturas serão levadas pelo seu proprietário.

A empresa pagou um almoço comemorativo da tomada de posse do CA que custou 1200 euros.

 

Falemos dos filhos pródigos. São aqueles que não receberam o subsídio de Natal de 2011, as horas extraordinárias de 2011, os salários de março e abril. Aliás, quando há o “privilégio” de receber os salários, isso nunca acontece antes do dia 9 do mês seguinte.

Os filhos pródigos são aqueles que já foram despedidos e não receberam a indeminização que lhes é devida. São os que vão ser despedidos na próxima oportunidade. São os que discordam da opinião do homem do lemo. São os que não são da cor política do homem do lemo. São aqueles que entendem que a empresa deve ser gerida por critérios de competência, responsabilidade e seriedade.

 

O homem do lemo é aquilo que sabemos. Aparece, sistematicamente, na empresa, às três da tarde. Por vezes passam-se semanas em que ninguém o vê. 

 

Esta denúncia que o Bloco de Esquerda está a fazer é razão, mais que suficiente, para qualquer cidadão sério ficar indignado. Parece que a Câmara Municipal vai deixar tudo na mesma. Até lhe ofereceu um múltiplo nas comemorações do 25 de Abril. Os cidadãos estão a ficar, cada vez mais, cansados de ouvir falar de Oeiras pelos piores motivos.

 

*O homem do lemo tem nome. Chama-se Emanuel Martins. É militante do PS. Foi presidente da comissão política concelhia de Oeiras do PS. Foi deputado municipal e, mais tarde vereador a tempo inteiro, com ordenado de cerca de três mil euros, ajudas de representação, carro à disposição, motorista… Tudo isto foi oferecido por Isaltino Morais, dando Emanuel Martins, em troca, os votos do PS para garantir a maioria na Câmara ao Isaltino. É, desde 16 de Dezembro de 2009, presidente do conselho de administração da empresa municipal LEMO (Laboratório de Ensaio de Materiais de Obras). Tem um ordenado três mil duzentos e trinta quatro euros. Tem direito a ajudas de custo e de representação, além de viatura.  

 

(Intervenção proferida por Miguel Pinto na reunião da Assembleia Municipal de Oeiras realizada em 22 de Maio de 2012)

 

Miguel Pinto